A predominância no universo marcial é culturalmente dos homens, mas esta condição vem se modificando devido às necessidades de nossos tempos modernos.
As mulheres hoje são tão guerreiras quanto os homens e o conceito de que "Yang" (pólo masculino) que é considerado "ativo" e "Yin" (pólo feminino), "passivo" dando a conotação de fragilidade e falta de força às mulheres (Yin) caiu por terra. Na verdade um traz em si a semente do outro e assim podemos ver o suave e a dureza unidos no Kung Fu como um complemento imprescindível. Diante disso não pode haver preconceito, a não ser que do sujeito em relação a ele mesmo. Isso sim ocorre entre as mulheres que ainda acham que não cabe a elas a prática do Kung Fu, por pura falta de conhecimento sobre a arte que erroneamente é vista como agressiva, exigente quanto a força bruta e que só utiliza capacidades tipicamente mais desenvolvidas pelo público masculino.
A tradição marcial tem suas mulheres: é o caso de Ng Mui, monja budista associada da tradição do mosteiro de Shaolin e considerada a criadora de um poderoso estilo de Kung-Fu, o Wing Chun. Também temos Fang Wing Chun, que, junto com o marido (Hung-Wei Kun), teria criado no século XVIII o estilo Fu Hok Sheun Yin Chuan ("Boxe do Tigre e da Garça"). Não encontramos informações suficientes para uma análise de Fang Wing Chun, mas sua colocação ao lado do marido como criadora de um estilo (o mais comum, seria que seu nome fosse omitido) é um bom sinal.
Sobre o treino do Kung Fu feminino, não há diferenças quanto à prática, mas sim quanto aos objetivos de cada um independente do sexo. Todas as mulheres podem praticar Kung Fu, já que suas técnicas de defesa pessoal são adequadas ao público feminino sendo aplicadas com velocidade e precisão e não com a força.
A procura do Kung Fu Tradicional pelas mulheres vem substituindo o formato das academias de ginástica que se preocupam predominantemente com a forma física e a beleza do corpo. As mulheres buscam mais que isso: querem também harmonia interior, superação de seus limites, força, habilidades físicas e mentais para lidar com as dificuldades do dia a dia e qualidade de vida, o que é a proposta do Kung Fu. Além disso, o Kung Fu trabalha muitos aspectos psicológicos como a auto-confiança, auto-estima, ajuda a liberar o estresse e ainda ensina defesa pessoal.
Antes de fazer qualquer avaliação sobre o Kung Fu, esperamos que todas as mulheres vivenciem a arte a fim de alcançarem evolução como um todo, abrangendo harmonia entre o físico e o psíquico.
Shimo Élen Azevedo
(Psicóloga, estudante do curso Educação Física, professora de Tai Chi Chuan Yang e professora de Kung Fu Mei Hua Tang Lang, representante oficial do Mestre Shi Zheng Zhong.)
artigo tirado do site:
http://www.penglai.com.br/